Por muito tempo durante séculos, a ciência primou por buscar o progresso
para a Humanidade. A cura de doenças, a descoberta de vacinas, remédios e
tratamentos se desenrolaram sobre muita história, placas, tubos de ensaio...e
animais. Sim, animais.
Graças a eles, felizmente ou não, cientistas encontraram a penicilina, o
soro anti-ofídico, o tratamento para o Parkinson e a descoberta do HIV. Entre
essas e tantas outras pesquisas, numa época onde a tecnologia era escassa ou
praticamente ausente, a experimentação animal tomou corpo na Ciência. E de fato
ajudou em muito no seu avanço.
Mas, e hoje?
Poderíamos dizer que a experimentação animal evoluiu juntamente com a
tecnologia e a Ciência. Mas não é o que observamos, ainda que de forma obscura,
essa evolução. Muitos são os casos, ainda que não divulgados amplamente pela
mÍdia, de animais sendo maltratados em pesquisas de medicamentos e cosméticos.
E em contrapartida, a Comunidade Européia recentemente proibiu a venda de
produtos que tenham sido formulados a base de testes em animais.
Essa decisão européia tem muito a contribuir, haja vista que já existem,
embora não muitos, testes alternativos ao uso das cobaias. Cultivos de células
in vitro, criação de tecidos artificiais humanos e programas computacionais
utilizados em laboratório podem, em alguns casos, substituir completamente ou
em parte os animais nas pesquisas.
No Brasil, a situação é bem diferente. O incentivo a não utilização das
cobaias ainda caminha a passos muito lentos, e os próprios testes com animais
são nebulosos. Nunca de sabe ao certo qual a verdadeira finalidade cientifica
de certos institutos de pesquisa. E ainda acrescenta-se a tudo isso a completa
falta de incentivo aos métodos alternativos nas pesquisas, sem qualquer tipo de
validação existente. Em terras tupiniquins, só existe um orgão que poderá um
dia, quem sabe, responder por esses métodos alternativos - o BraCVAM (Centro
Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos) - criado em 2012 e ainda em
fase de implementação. É esperar para ver.
O que muitos ativistas, leigos e cientistas ainda não tem muita clareza
é quanto as leis brasileiras. Os ativistas defendem que essas leis abrem
brechas para um uso abusivo das cobaias e consequentemente, maus tratos. Já os
cientistas defendem que essas mesmas leis foram formuladas baseadas no
principio dos 3R, muito comum e amplamente divulgado no meio cientifico, e que
as pesquisas são regulamentadas e fiscalizadas pelo Concea (Conselho Nacional
de Controle de Experimentação Animal).
Segundo a principal lei que rege a experimentação animal no país,
chamada Lei Arouca, todo trabalho cientifico que utiliza somente animais tendo
como opção um método alternativo, é considerado crime. Essa lei preza também
pelo bem estar, saúde e a minima e consciente utilização das cobaias nas
pesquisas.
Para a população, principal público alvo de muitos resultados dessas
pesquisas, restam muitas dúvidas. Não seria uma forma de maus tratos às cobaias
a própria vida que levam, desde do seu nascimento nos biotérios? Seria
futilidade sua utilização em experimentos comésticos, ao passo que seria uma
necessidade em experimentos médicos? Afinal, animais seriam utilizados para
salvar vidas.
Muitas perguntas. Muitas respostas.
Muitos cientistas defendem que a experimentação animal será substituida
a longo prazo pelos métodos alternativos. Se for pelo bem dos animais, da
Humanidade e da Ciência, que assim seja. Nenhum lado deve ser vilanizado, nem
inocentado.
Texto: Gabriella Paola